28 de junho de 2008

Sintomas depressivos e mortalidade hospitalar em pacientes idosos


SINTOMAS DEPRESSIVOS E MORTALIDADE HOSPITALAR: COORTE PROSPECTIVO DE PACIENTES IDOSOS INTERNADOS EM SERVIÇO DE CLINICA MÉDICA
Leila Coutinho Taguchi (1), Géssica Christine de Carvalho e Silva Martins (1), Marco Valério Gomes Batista Gonçalves (1), Iramirton Figuerêdo Moreira (2), Katyara Mylena S. R. Lima (2), Mara Rufino de Andrade (2), Rilva Lopes de Sousa Muñoz (3), José Givaldo Melquíades de Medeiros (3).
(1) Médicos Residentes de Clínica Médica do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW)/Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
(2) Alunos do Curso de Medicina / Centro de Ciências Médicas (CCM)/ UFPB
(3) Professores do Departamento de Medicina Interna / CCM/UFPB
Trabalho premiado como melhor Poster no IV Congresso Internacional de Clínica Médica (São Paulo, 7 de junho de 2008).

RESUMO
Objetivos: Determinar a prevalência de sintomas depressivos e sua relação com mortalidade hospitalar em idosos com doenças crônicas internados em enfermarias de clínica médica de um hospital universitário.
Material e Métodos: Estudo prospectivo e longitudinal, com seguimento de 100 pacientes idosos consecutivamente internados nas enfermarias de Clínica Médica do Hospital Universitário Lauro Wanderley entre a admissão e a alta hospitalar. Os instrumentos utilizados foram a Escala de Depressão Geriátrica (EDG), versão breve (EDG-15) e um formulário clínico para registro de variáveis demográficas e do desfecho principal do estudo (mortalidade). A presença clinicamente significativa de sintomas depressivos foi definida operacionalmente como a pontuação igual ou superior a 6 no escore global da EDG-15.
Resultados: A idade dos pacientes variou entre 60 e 96 anos (69,5±7,5), 59% do sexo feminino. Os escores obtidos na aplicação da EDG-15 no início da internação variaram entre 0 e 11 pontos (4,3±2,3); 23% dos pacientes atingiram o ponto de corte para depressão nessa primeira entrevista. A mortalidade hospitalar relacionou-se com os escores da EDG-15 obtidos pelos pacientes no início da internação (P=0.001), sendo a proporção de pacientes que evoluiu para morte maior entre os doentes que apresentavam mais sintomas depressivos. Entre os sobreviventes, verificou-se que os escores da EDG-15 diminuiram significativamente (p=0.004) no final da internação (3,3±1,5) em relação à entrevista realizada no início desta (4,0±2,1).
Discussão: A prevalência encontrada de sintomas depressivos clinicamente significativos foi menor que as taxas reportadas em outros estudos com idosos internados em enfermarias gerais para tratamento de doenças crônicas (35%-45%). A presença de sintomas depressivos no início da internação associou-se a maior mortalidade, corroborando a hipótese de que estes sintomas psíquicos afetam negativamente a evolução clínica de idosos hospitalizados. A significativa melhora dos sintomas depressivos entre o início e o final do internamento, possivelmente relacionado à melhora clínica dos pacientes e a perspectiva da alta, não foi estudada por outros autores para comparação.
Conclusões: Estes dados enfatizam o papel preditivo da presença de sintomas depressivos na evolução hospitalar desfavorável de pacientes idosos hospitalizados, assim como a necessidade de melhorar esforços de rastreamento destes sintomas em doentes geriátricos hospitalizados.

Palavras-chave: Depressão. Idosos. Mortalidade.