13 de julho de 2008

Nomenclatura dos sons pulmonares

SEMIOLOGIA DOS SONS PULMONARES: NOMENCLATURA TRADICIONAL E DIFUSÃO DE MODIFICAÇÕES TERMINOLÓGICAS NA PRÁTICA CLÍNICA
Rilva Lopes de Sousa Muñoz, Beltrão Paiva Castello-Branco, Cristiane Bezerra da Cruz, Zailton Bezerra de Lima Júnior

INTRODUÇÃO: A nomenclatura dos sons respiratórios tem se tornado confusa e ambígua pelas alterações sofridas desde as clássicas descrições de Renée Laënnec, dificultando não somente seu emprego na prática médica como também o aprendizado dos estudantes de medicina. No estudo da semiologia médica, aceita-se como consenso atualmente que os ruídos pulmonares sejam classificados de acordo com a proposta multidisciplinar de simplificação terminológica do Simpósio sobre Sons Pulmonares (Symposium on Lung Sounds, 1985), mas as mudanças propostas não parecem ter se difundido na prática clínica. Com base nessas considerações, os objetivos dessa pesquisa são: (1) avaliar a valorização prática do método de ausculta pulmonar; verificar como médicos residentes e alunos do internato médico de um hospital-escola empregam atualmente a nomenclatura dos sons pulmonares; e (2) determinar a confiabilidade de registros dos vários tipos de sons.
METODOLOGIA: A pesquisa foi observacional e descritiva, com revisão de 712 prontuários de pacientes das enfermarias de clínica médica do Hospital Universitário Lauro Wanderley/UFPB, adotando como referencial teórico a proposta de uniformização terminológica emanada do Symposium on Lung Sounds.
RESULTADOS: A técnica completa de exame dos pulmões foi registrada em apenas 2,4% dos casos; a ausculta foi reportada em 99,6% dos prontuários. Em nenhum relatório fez-se referência à semiologia simplificada; por outro lado alguns termos consagrados da nomenclatura tradicional (sopro tubário, broncofonia, atrito pleural) sequer foram mencionados. Os ruídos adventícios foram descritos como roncos, sibilos, estertores crepitantes e bolhosos, havendo também referência a “creptos” e “crepitações”. A concordância nos registros foi satisfatória (76,3%; teste Kappa).
CONCLUSÃO: Esses resultados mostram que apenas a ausculta foi devidamente valorizada no exame clínico do tórax, havendo estabilidade razoável dos achados desta em dias consecutivos, porém as modificações terminológicas mais recentes não estão disseminadas na prática nessa amostra clínica, nem alguns termos clássicos são empregados rotineiramente. Diante desses dados, propõe-se um programa de semiologia respiratória para alunos internos e residentes de clínica médica do serviço para melhorar a comunicação dos sons pulmonares, evitar variações terminológicas que a tornam muito subjetiva e difundir a terminologia simplificada desses achados clínicos.