27 de julho de 2008

Semiologia elementar do sistema linfático



Existem cerca de 500 gânglios linfáticos, estruturas que pertencem ao sistema mononuclear-fagocitário e têm por função a defesa do organismo contra a disseminação das infecções e células neoplásicas, além de desempenhar importante papel na produção de anticorpos devido à sua capacidade de formar linfócitos e plasmócitos. Estão distribuídos nos diferentes segmentos superficiais e profundos (mediastinais e abdominais) do organismo. Em condições normais, seu tamanho varia de 1 mm (ou menos) até 2 cm, e situam-se no trajeto dos vasos linfáticos, de modo que a linfa atravessa-os em seu caminho ao canal torácico. Atuam, assim, como filtros, onde a linfa é depurada de resíduos celulares e microorganismos que podem ter sido recolhidos nos territórios drenados.
Os sítios ganglionares superficiais são o cervical (anterior e posterior), pré e pós-auriculares, occipital, supraclaviculares, axilares, epitrocleares, inguinais, poplíteos e femorais. Essas cadeias ganglionares podem ser exploráveis pela palpação, deslizando-se a polpa dos dedos juntamente com a pele sobre os linfonodos.

Devem ser pesquisadas rotineiramente nas seguintes regiões: occipital, cervical (anteriores e posteriores), retroauriculares, submandibulares, supraclaviculares, axilares, epitrocleares, inguinais, poplíteos e femorais. Os gânglios linfáticos superficiais são explorados através da inspeção e da palpação. Como em toda tumoração acessível a esses métodos, estudam-se: localização, cor e estado da pele, tamanho, número, sensibilidade, consistência, forma, temperatura e mobilidade. A localização também tem grande importância para verificar se a tumoração corresponde realmente a um gânglio linfático. Além disso, conhecendo-se os territórios linfáticos correspondentes, é relativamente fácil determinar os processos regionais capazes de hipertrofiar os gânglios.
Cor, estado e temperatura da pele que recobre os gânglios servem para reconhecer os processos inflamatórios supurativos. A hiperemia da pele e a tumefação quente são próprias das adenites agudas supuradas. Nas adenites crônicas que levam à supuração, como as tuberculosas, a pele fica brilhante e delgada, demonstrando uma alteração trófica local. Nas adenites agudas, a presença de sinais inflamatórios (tumefação, dor, calor e rubor) serão apreciados sempre que os gânglios sejam superficiais.
A simples hipertrofia ganglionar não produz dor. Quando os gânglios ficam dolorosos significa que há periadenite aguda ou que a distensão ganglionar foi muito rápida, como na adenite aguda, ou seja, há comprometimento da cápsula do linfonodo. Nas viroses (mononucleose infecciosa, viroses exantemáticas) e nos processos parasitários (histoplasmose, toxoplasmose), a adenopatia é indolor ou ligeiramente dolorosa. O mesmo se dá na leucemia e no linfoma. Na adenopatia metastática, são duros e indolores, ocorrendo o mesmo nos processos infecciosos crônicos. Na apreciação semiológica, há que considerar a dor espontânea e a induzida pela pressão.
A consistência do gânglio linfático é variável nos diferentes processos. Quando há supuração, o gânglio fica amolecido e se torna flutuante. Nas adenites, os gânglios têm consistência firme, aumentada, mas nos estados supurativos, a consistência é mole, às vezes flutuante, e nos quadros crônicos, é elástica. Nas leucemias, no início, a consistência ganglionar é normal ou mais mole, mas uma vez desenvolvido o tecido granuloso, torna-se duro e menor. A mobilidade deve ser estudada quanto à pele, aos planos profundos e aos gânglios entre si. A comprovação de batimento em uma tumoração significa não se tratar de um gânglio, mas de um aneurisma. Nas adenites agudas, o paciente pode perceber uma sensação de batimento, devido à dilatação vascular que acontece em quase todos os processos inflamatórios.
Quanto ao tamanho, o aumento pode ser discreto ou evidente, sendo habitualmente comparado a coisas conhecidas (azeitona, uva, limão, laranja, etc). A existência simétrica de gânglios hipertrofiados, na infância, tem importância semiológica; as infecções gerais (viroses, por exemplo), acarretam aumento generalizado dos gânglios- cervicais, axilares, etc, ao passo que as neoplasias geralmente determinam adenopatia regional.
Nas condições normais, os gânglios se encontram separados, podendo ser contados, se palpáveis. Quando o processo patológico se localiza na cápsula ganglionar, os linfonodos atingidos se unem firmemente por fibrose inflamatória ou neoplásica. Esta aderência indica, desde logo, que o processo vem evoluindo há algum tempo. Em geral, nas afecções agudas febris, há polimicroaderência sem coalescência, mas nas metástases neoplásicas, os gânglios aumentam de volume, são duros e coalescentes, enquanto que na tuberculose ganglionar, são volumosos e coalescentes.
A mobilidade deve ser verificada com cuidado, tanto no que diz respeito à aderência do gânglio à pele, como na referente aos planos profundos. Gânglio imóvel, fixo, por estar aderente à pele ou aos planos profundos, indica processo inflamatório ou neoplásico de evolução adiantada, principalmente quando coalescente. Nos linfomas, na tuberculose ganglionar, nas metástases carcinomatosas, os gânglios são fixos, coalescentes e assimétricos.