5 de abril de 2009

Não existem doenças sem que existam doentes

Por Antonio Edilton Rolim Filho
Estudante de Medicina do Centro de Ciências Médicas da UFPB
Aluno Bolsista do PROBEX/UFPB - Projeto Continuum
Com os avanços da técnica em Medicina, a eficácia terapêutica aumentou, porém por imposição da própria dinâmica tecnológica, paga-se um preço pela perda da visão da unidade do paciente. Acaba-se, muitas vezes, tratando de uma parte do paciente, e não dele como um todo; algo que surge mais como necessidade do que como falha do especialista, a quem, aparentemente, não lhe resta espaço para visões holísticas que poderiam comprometer a profundidade de seu conhecimento particular.
Abre-se assim uma "brecha" para a despersonalização do atendimento médico. Se não cabe ao especialista sanar esta deficiência, certamente alguém deverá estar incumbido de fazê-lo, pois o paciente é - queiramos ou não - uma unidade real: um alguém que está doente e que se sente, todo ele e não apenas uma parte, enfermo. Esta dissociação da doença e do doente é o grande prejuízo que o avanço científico e tecnológico acaba causando. É preciso, portanto, que o profissional da saúde reflita cuidadosamente para não participar desta deturpação do exercício médico profissional nem de ampliá-la. Afinal, o médico é um ser humano que estudou para tratar os semelhantes, e é procurado justamente quando eles se sentem mal.
O doente é um ser fragilizado, aflito, angustiado e tem medo. Medo de perder o emprego, da dor, de vir a faltar para a família. É sob esta carga emocional que o doente chega ao médico, esperando dele atenção, cuidados, gentileza, compaixão e, é óbvio, a cura. Saber que alguém cuida dele, é fator fundamental na luta do paciente contra a doença.
No médico, ele deposita a confiança e, guiado pelos seus conselhos, enfrenta a nova situação que a vida lhe depara: estar doente. Não se sente um caso de estudo, nem sequer um diagnóstico, porque não é somente isso. A doença acontece sempre em alguém, num indivíduo concreto, e por isso reveste-se de individualidade, das peculiaridades desse ser humano, com suas características próprias de personalidade familiares e sociais. A doença é realmente pessoal e intransferível, como o próprio sujeito, como a alma, como o ser.
Crédito da imagem: Figura extraída da Revista Electronica de PortalesMedicos.com