20 de julho de 2009

MCO2: Relatório do II Seminário em 2009.1

Os comentários sobre o artigo analisado no II seminário de MCO2 realizado em 20/07/09 pelos alunos da turma 2008.2 (Medicina / UFPB) foram registrados pelo monitor do módulo, Gilson Mauro Costa Fernandes Filho, que sintetizou os resultados da discussão no texto abaixo.
Referência do artigo: ALMEIDA, S. D. M.; BARROS, M. B. A. Atenção à saúde e mortalidade neonatal: estudo caso-controle realizado em Campinas, SP. Rev. bras. epidemiol. 7 (1): 22-35, 2004. 1.0- Título: - Tradução para o inglês omite o subtítulo. Deveria ser traduzido de forma completa. 2.0- Resumo: - A conclusão deveria apresentar os pontos presentes na conclusão do texto, como “recém-nascidos de gestantes de condições socioeconômicas desfavoráveis ainda apresentam maior risco de morte neonatal.” O resumo deve refletir o trabalho na íntegra, sobretudo na conclusão. - Algumas variáveis são apresentadas em grupos diferentes no resumo e no abstract (escolha do hospital do parto, tempo decorrido entre a internação e o parto).
- Há uma frase inteira do resumo que foi suprimida no abstract. 3.0- Introdução: - Problema de pesquisa e hipótese de pesquisa não são apresentados de forma clara. A hipótese, que bão está explícita, seria “fatores relacionados à atenção à saúde influencia na mortalidade neonatal”. Colocando-se a hipótese de forma explícita, haveria mais clareza na Introdução. - Uso de figuras de linguagem: “constelação”, no 1º parágrafo da introdução. 4.0- Métodos: - A reprodutibilidade da pesquisa se torna comprometida pela não descrição adequada dos métodos utilizados para caracterizar as variáveis. Estas são apresentadas, mas não descritas. - O estudo apresenta boa validade interna, pois utilizou uma amostra que cobre toda uma cidade, e a análise estatística é adequada; a validade externa se torna comprometida pelas diferenças socioeconômicas existentes nas várias regiões; poderia ser generalizada para a população das regiões Sul/Sudeste. - A escolha dos controles por amostragem aleatória exclui a necessidade de pareamento entre caso e controle. - Uso de palavras inadequadas: “raça”, termo politicamente incorreto, sendo mais apropriada a utilização de termos como "etnia". - Não se faz a referência utilizada para a figura 1, do modelo hierarquizado que serve de base teórica para toda a análise do artigo; a referência aponta para a utilização de uma referência de modelo para fatores de risco para diarréia aguda (FUCHS et al., 2006); trabalho sobre o modelo de análise hierarquizada aplicada à investigação de fatores de risco de óbito neonatal foi publicado no ano passado (LIMA et al., 2008). 5.0- Resultados: - Nem todas as variáveis comentadas na metodologia e utilizadas no estudo são apresentadas nos resultados, tampouco na discussão. - Na tabela 6, não fica claro o conceito de OR bruta e OR ajustada para fatores socioeconômicos (renda familiar); todas as variáveis incluídas foram usadas para o ajuste? Mas nesse caso, não se estaria aplicando o modelo de análise hierarquizada... 6.0- Discussão: - A discussão inicia-se de forma repetitiva, como uma sentença já apresentada na introdução, e que seria dispensável; o início da discussão devria conter a resposta à questão com verbo no presente: a hipótese é corroborada pelos resultados? - Não se discutem diversos resultados, assim como há aspectos na discussão que não foram apresentados na seção de Resultados. - As inúmeras variáveis abordadas no estudo levam a uma falta de objetividade da discussão. Esta deveria se centrar nas principais variáveis, apenas citando os efeitos relevantes das demais. - A grande quantidade de dados colhidos abre margem à realização de novas pesquisas para analisá-los e/ou apresentar soluções para o problema. A própria pesquisa poderia ser dividida, para melhor análise dos resultados. - A importância da variável “grau de escolaridade da mãe”, que contrariou outros estudos, não foi analisada. Este foi um resultado inesperado, portanto, deveria ter sido explicado, ou pelo menos, devria ter sido tentada uma explicação para essa discrepância. - A menção ao Comitê de Ética deveria ter sido inserida na seção de Métodos, e não após o término do artigo, em "Agradecimentos". “A pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética da FCM-UNICAMP, processo número 186/2000.” 7.0- Referência: - Utilizam-se algumas referências antigas. É recomendável o uso de referências mais atualizadas. 8.0- Comentários finais: - Um modelo de estudo de coorte poderia ter sido sugerido para minimizar as limitações do estudo. Um estudo semelhante utilizando o modelo de coorte foi realizado recentemente (RIBEIRO et al., 2009). - A determinação da morbidade a fatores socioeconômicos e de atenção à saúde vai de acordo com a nova política do "pensar" a saúde coletiva, rompe com o modelo biomédico de determinação de fatores orgânicos. Compreensão do paciente como um ser em relação com seu meio, determinante para a morbidade. Ideologias hoje trabalhadas no novo Projeto Pedagógico nossa Universidade. - O artigo é extenso, com períodos muito longos e consequentemente, de difícil leitura. - Erros gramaticais: Exemplos - Métodos ("...acrescentou-se 10%...", "...considerou-se esse valor por tratar-se...")
- Tautologia: em Métodos ("sorteio aleatório").
Referências
LIMA, Sheylla de; CARVALHO, Márcia Lazaro de and VASCONCELOS, Ana Glória Godoi. Proposta de modelo hierarquizado aplicado à investigação de fatores de risco de óbito infantil neonatal. Cad. Saúde Pública 24 (8): 1910-1916, 2008. FUCHS, Sandra C; VICTORA, Cesar G. and FACHEL, Jandyra. Modelo hierarquizado: uma proposta de modelagem aplicada à investigação de fatores de risco para diarréia grave. Rev. Saúde Pública. 30 (2): 168-178, 1996. RIBEIRO, Adolfo Monteiro et al. Fatores de risco para mortalidade neonatal em crianças com baixo peso ao nascer. Rev. Saúde Pública, 43 (2): 246-255, 2009.

Crédito da imagem: www.asmachronicle.com/news/news.htm