13 de outubro de 2010

Dispnéia Crônica

Por Gabriel Braz Garcia
Estudante de Graduação em Medicina da UFPB

Resumo
A dispnéia crônica é a sensação de dificuldade para respirar com duração superior a um mês. É um sintoma, portanto, uma manifestação subjetiva. Aproximadamente dois terços dos casos de dispnéia crônica são causados por doenças cardíacas ou pulmonares: asma, insuficiência cardíaca congestiva, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença pulmonar intersticial e condições psicogênicas. A anamnese orienta o diagnóstico na maioria das vezes, sendo corroborada por exames complementares.
Palavras-chave: Dispnéia crônica. Exame clínico. Sinais e sintomas.

A dispnéia é definida pela American Thoracic Society (1999) como uma “experiência subjetiva de desconforto ao respirar, que consiste em sensações qualitativamente diferentes com intensidade variável". Essa experiência é causada por alterações de vários fatores fisiológicos, psicológicos, sociais e ambientais e pode desencadear respostas fisiológicas e comportamentais secundárias.”

A dispnéia é dita crônica quando apresenta uma duração superior a 30 dias (BERSÁCOLA et al., 1998).

Aproximadamente dois terços dos casos de dispnéia crônica são causados por doenças cardíacas ou pulmonares (NEEL, 2005). Asma, insuficiência cardíaca congestiva, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença pulmonar intersticial e condições psicogênicas, isto é, síndrome do pânico, estresse pós-traumático ou ansiedade generalizada respondem por 85% dos pacientes com a dispnéia como sintoma principal (DE PASO et al., 1991).

Muitas vezes, contudo, a causa é multifatorial; nos pacientes que continuam dispnéicos, mesmo com a terapia empregada, devem-se considerar fatores coexistentes.

Na investigação da dispnéia, a anamnese, o exame físico e exames simples como radiografia de tórax, espirometria, hemograma, bioquímica, eletrocardiograma e oximetria podem evidenciar, prontamente o diagnóstico em boa parte dos pacientes (BERSÁCOLA, 1998).

Através da história clínica, pode-se detectar, pelo menos metade das causas apresentadas (NEEL, 2005). A situação torna-se mais complicada quando os dados clínicos e os exames de rotina não são conclusivos, múltiplas causas potenciais coexistem ou quando a dispnéia é desproporcional aos demais achados (BERSÁCOLA, 1998).

A avaliação complementar é iniciada, quando a suspeita é de causa respiratória, pela espirometria, sendo fundamental para estabelecer o diagnóstico de asma, doença pulmonar obstrutiva crônica ou doença intersticial pulmonar. A tomografia computadorizada torna-se particularmente útil no diagnóstico de fibrose pulmonar idiopática, bronquiectasias, embolia pulmonar e donças intersticiais. Ecocardiografia e níveis de peptídeo natriurético cerebral contribuem para a investigação de insuficiência cardíaca congestiva.

Se o diagnóstico ainda permanecer incerto, exames adicionais devem ser solicitados, como exames de ventilação-perfusão, Holter, cateterismo cardíaco, ergometria, pHmetria esofágica e, por fim, biópsia pulmonar.

O manejo clínico consiste em corrigir o problema responsável pelo sintoma. Em não havendo esta possibilidade, deve-se tentar atenuar a intensidade do sintoma e seus efeitos na qualidade de vida do paciente (HARRISON, 2008).

Referências
AMERICAN THORACIC SOCIETY. Dyspnea: Mechanisms, assessment, and management: a consensus statement. Am J Respir Crit Care Med 159: 321-40, 1999.
BERSÁCOLA, S. H, PEREIRA, C. A. C.; SILVA, R. C. C.; et al. Dispnéia crônica de causa indeterminada: avaliação de um protocolo de investigação em 90 pacientes. J Pneumol 24 (5): 283-287, 1998
HARRISON, T. R.; FAUCI, A. S. Harrison Medicina Interna. 17ª. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2008.
NEEL, G.; KARNANI, M. D., GARY, M. et al Diagnostic evaluation of dyspnea. Am Fam Physician 71:1529-32005.
DE PASO, W. J.; WINTERBAUER, R. H.; LUSK, J. A. et al. Chronic dyspnea unexplained by history, physical examination, chest roentgenogram, and spirometry: Analysis of a seven-year experience. Chest 100: 1293-9, 1991.
SOUZA, A. S. L.; LEMOS, G. H. P.; OLIVEIRA, R. H. R. et al. Dispnéia crônica, distúrbio restritivo e tomografia computadorizada de tórax de alta resolução normal em paciente de 74 anos. J Pneumol 24 (3): 153-156, 1998.