6 de junho de 2012

A Desvalorização do Professor Universitário

Por Isabel Barroso Augusto Silva
Professora de Semiologia Médica da Universidade Federal da Paraíba

Os professores universitários das universidades federais e dos centros federais de formação tecnológica estão em greve desde 17 de maio.  Estamos lutando pelo plano da carreira, melhores salários, incorporação da gratificação ao salário, entre outras.
Por quê o governo não escuta os professores, já que transmitem o conhecimento para a população e consequentemente melhoram o país? Um dos motivos é que uma parcela da população não valoriza a educação e nem os professores (os políticos são o espelho do povo). Outro é que o governo acha que já remunera muito bem.
O reconhecimento do Ministério da Educação quanto ao poder da educação e, consequentemente, do valor do professor, neste contexto, é essencial. A Presidente Dilma, quando foi aos EUA, visitou centros de excelência em ensino e ficou admirada.
A imprensa fica muda diante da greve dos professores. Não fazem reportagens, não entrevistam presidentes das associações docentes. Nada, nada. É como não existíssemos. A educação e o papel do professor na formação do povo "não dão ibope". 
Muitos não sabem que um professor universitário que trabalha 40 horas por semana (de segunda a sexta, manhã e tarde), tem uma remuneração básica de aproximadamente R$ 1.500,00. Se tiver mestrado e doutorado são acrescidos R$ 1.200,00. Recebem também uma gratificação de R$ 1.500,00 (que não entra na aposentadoria), totalizando R$ 4.200,00. Se o professor for dedicação exclusiva, recebe um pouco mais. E esse salário é pago depois de anos de trabalho (20 anos). O professor iniciante recebe muito menos. E ainda fui generosa com os valores que citei.
Será que os professores dos centros de excelência dos EUA ganham isso? 
O curso de medicina requer uma responsabilidade muito grande por parte dos professores. Ensinamos os alunos a serem médicos, os quais vão atender a população. Para isso atendemos os pacientes para demonstrar as várias etapas de uma consulta.  Devemos passar a ética no trato com o indivíduo, a importância da relação médico-paciente, diagnosticar e tratar. Temos responsabilidade com o paciente e com o aluno. Preparamos aulas. Temos que nos atualizar constantemente, pois os avanços da medicina são quase que diários. 
Há tanto tempo que o trabalho do professor é desvalorizado, que até esquecemos da sua importância e cansamos de lutar. A maioria trabalha por gostar de ser professor. Alguns para dizer que são professores universitários, como status. Mas isso é o de menos. Na verdade, os professores estão lutando por dignidade e reconhecimento do seu valor através do seu trabalho!

A Professora Isabel Barroso Augusto Silva é docente de ensino superior há 29 anos.