22 de dezembro de 2010

Princípios da Medicina Ambulatorial

Por Gabriel Braz Garcia Estudante de Graduação em Medicina da UFPB
Resumo

Medicina ambulatorial é o tipo de atenção administrada a indivíduos fisicamente auto-suficientes ou parcialmente incapacitados, sendo representativa na atenção primária à saúde. Além de sua importância no ensino médico, permite o atendimento contínuo a grande parcela populacional. A eficácia do atendimento ambulatorial deve basear-se em uma boa relação médico-doente em uma atenção continuada e integral. O atendimento ambulatorial representa mais de 90% da atividade clínica de um médico.

Palavras-chave: Medicina Interna. Medicina Ambulatorial. Atenção Primária à Saúde. O atendimento ambulatorial representa mais de 90% das atividades de um clínico.
Medicina ambulatorial é compreendida como o tipo de atenção à saúde administrada sob a forma de serviços gerais ou especializados a indivíduos fisicamente auto-suficientes ou parcialmente incapacitados que, sem necessidade de hospitalização, requerem apenas e por algum tempo a atenção direta do médico (MARRA, 1982). Atualmente, a prática da medicina ambulatorial desempenha importância crescente na formação médica, que passou nos dois últimos séculos por três grandes transformações que são consideradas marcos.
O primeiro é o científico, resultante dos progressos da ciência e da técnica, alterando a teoria e a prática da medicina. O segundo, iniciado na década de 1950, é consequência do desenvolvimento da pedagogia, que se vai estender também ao ensino médico, tendo por meta principal ensinar professores de medicina a ensinar. O terceiro é o vivido atualmente: representa a preocupação crescente com os aspectos sociais, com a saúde da comunidade, implementada pela estratégia de saúde da família (MARRA, 1982).
Destaca-se, assim, que a medicina ambulatorial representa campo essencial na educação médica, ao permitir aos estudantes a visão integral do homem em seu ambiente. A consulta ambulatorial é um momento central na clínica da atenção primária. Representa o ambiente em que o clínico pode exercer suas habilidades em favor do paciente e sua família, definindo a relação que se estabelecerá e legitimando a inserção do médico na comunidade (DUNCAN, 2004).
O paciente ambulatorial deve ter a maior parte da responsabilidade pelo seu próprio cuidado, isto é, deve administrar a maioria do seu tratamento, deve monitorizar os sintomas e seu desempenho funcional, deve adaptar suas atividades às restrições impostas pela doença e decidir como abordar novos problemas quando surgirem (BARKER, 1993).
Com isso, a eficácia da terapêutica impõe um bom conhecimento do perfil do acometido, sustentada por uma boa relação médico-paciente. Além das vistas ambulatoriais, contatos telefônicos e vistas domiciliares são importantes no acompanhamento de pacientes ambulatoriais. Uma das práticas fundamentais baseia-se no método de atendimento centrado no paciente, em que se procura recuperar a dimensão humana da atenção, através da sistematização de diversos aspectos da relação médico-doente, como a escuta, a comunicação e os sentimentos. Trata-se deuma tentativa de entender o paciente como um todo, além de incorporar princípios de prevenção e de promoção da saúde (DUNCAN, 2004). O atendimento ambulatorial demanda ainda, como princípios fundamentais, a longitudinalidade, em especial nas doenças crônicas, e a atenção integral, em que se tornam indissociáveis ações preventivas e curativas, de forma simultânea e oportuna.
Três diagnósticos clínicos devem ser fundamentalmente investigados para uma devida análise ambulatorial: o clínico, o psicofamiliar e o social; com isso, encontram-se maiores chances de satisfação e sucesso terapêutico. Referências DUNCAN, B. B.; SCHIMIDT, M.; GIUGLIANI, E. R. J. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidência. 3ªed. Porto Alegre: Artmed, 2004. BARKER, R.; BURTON, J. R.; ZIEVE, P. D. Medicina Ambulatorial, 3ªed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. MARRA, U. D. Medicina Ambulatorial, 1ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1982.