10 de outubro de 2012

Apoio Social e sua Relação com Controle Glicêmico em Pacientes com Diabetes Mellitus

O projeto de pesquisa apresentado e discutido hoje no GESME foi intitulado "Apoio Social e sua Relação com Controle Glicêmico em Pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2 em Atendimento Ambulatorial".
O objetivo geral deste estudo é avaliar a prevalência de apoio social e funcionalidade familiar, assim como sua associação com o controle glicêmico em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM-2) em ambulatórios de Endocrinologia do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW).
O presente trabalho terá um modelo observacional e transversal. A população será constituída por pacientes atendidos no ambulatório de Endocrinologia do Hospital Universitário Lauro Wanderley no período de agosto de 2012 a julho de 2013. A amostragem será não-probabilística por conveniência, com recrutamento consecutivo de pacientes atendidos nos referidos serviços. O tamanho da amostra será de 160 pacientes, com base no trabalho de Assunção et al. (2008).
Pessoas de ambos os sexos, acima de 18 anos, que forem atendidos nos ambulatórios de Endocrinologia do HULW. Os critérios de inclusão serão: responder espontaneamente os questionários, mediante assinatura de consentimento livre e esclarecido e não estar tomando nenhuma medicação que comprometa o preenchimento dos questionários. Pacientes que apresentarem transtornos de comunicação ou que se recusarem a responder aos questionários e a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
O processo de levantamento de dados será executado por duas estudantes de Medicina do sétimo período do curso de graduação em medicina da UFPB, previamente treinadas. Serão realizadas entrevistas estruturadas mediante aplicação de instrumentos padronizados e validados no Brasil. As entrevistas serão realizadas antes das consultas ambulatoriais no HULW, em local apropriado, na ausência de acompanhantes.
A variável primária é apoio social, avaliado por meio da escala de apoio social do Medical Outcome Study (MOS)  As variáveis secundárias serão a funcionalidade familiar, avaliada através do APGAR de família, e sintomas depressivos, avaliados por meio da Escala de Depressão Geriátrica (EDG-15). Outras variáveis serão as sociodemográficas e clínicas.
A escala de apoio social foi elaborada originalmente para o Medical Outcome Study (SHERBOURNE; STEWART, 1991), validada  no Brasil por Griep et al. (2005). Na sua forma original, esse instrumento foi concebido para abranger cinco dimensões de apoio social: material (quatro perguntas) – provisão de recursos práticos e ajuda material; afetiva (três perguntas) – demonstrações físicas de amor e afeto; interação social positiva (quatro perguntas) – contar com pessoas com quem relaxar e divertir-se; emocional (quatro perguntas) – habilidade da rede social em satisfazer as necessidades individuais em relação a problemas emocionais, por exemplo situações que exijam sigilo e encorajamento em momentos difíceis da vida; informação (quatro perguntas) – contar com pessoas que aconselhem, informem e orientem.Para todas as perguntas, cinco opções de resposta serão apresentadas: 1- nunca; 2- raramente; 3 - às vezes; 4- quase sempre e 5 - sempre (GRIEP, et al. 2005).
O APGAR de Família foi desenvolvido por Smilkstein (1978), sendo traduzido, validado e adaptado para o contexto brasileiro por Duarte (2001). Na EDG-15, avaliam-se sintomas de insatisfação com a vida, sensação de vida vazia, sentimento de desesperança, sensação de desamparo, medo de maus acontecimentos, retraimento social e perda de energia (SOUSA et al., 2007).  Ele permite a identificação da família, a partir da ótica de seus membros, como um recurso psicossocial ou como apoio  social deficitário e possível fator estressor. O acrônimo APGAR, proveniente da língua inglesa, corresponde às iniciais de Adaptação, Participação, Crescimento (Growth)Afeição e Resolução.
A Escala de Depressão Geriátrica com 15 itens é uma versão curta da escala original elaborada por Sheikh e Yesavage (1986). No Brasil, ela foi validada para ambulatórios gerais por Paradela et al. (2005), com sensibilidade de 81% e especificidade de 71%. 
O controle glicêmico dos pacientes acompanhados no ambulatório de Endocrinologia do HULW será realizado tomando como base os registros de glicemia realizados na avaliação clínica periódica dos pacientes e contidos nos prontuários, com posterior verificação da relação entre a evolução glicêmica, o apoio social, a funcionalidade familiar e a presença de sintomas depressivos.
Na estatística descritiva serão determinadas as frequências relativas e absolutas das variáveis qualitativas e médias e desvios padrão das variáveis quantitativas. Na estatística inferencial serão empregados os testes de Qui-quadrado para as variáveis dicotômicas e os testes de Mann-Whitney e de Kruskall-Wallis. Será determinado o índice de correlação linear de Spearman para avaliar a associação entre os escores das escalas.
O projeto será submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) da UFPB para apreciação. Todos os pacientes que concordarem em participar da pesquisa assinarão o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aprovado pelo CEP do HULW e serão esclarecidos pela pesquisadora sobre os procedimentos da pesquisa e de que a mesma não oferece riscos, danos ou desconfortos previsíveis para sua saúde.
Referências
DUARTE, Y. A. DE OLIVEIRA. Família: Rede de Suporte ou Fator Estressor – A Ótica de Idosos e Cuidadores Familiares – Tese de Doutorado. São Paulo, 2001.
GRIEP, R.H.; CHOR ,D.; FAERSTEIN, E.; WERNECK, G.L.;LOPES,C.S. Validade de constructo de escala de apoio social. Cadernos de Saúde Pública,  21(3): 703-714, 2005.
SHERBOURNE CD, STEWART AL. The MOS social support survey. Soc Sci Med 1991; 38:705-14.
SOUSA, R. L; DE MEDEIROS,J.G.M; DE MOURA, A.C.L; DE SOUZA, C.L.M; MOREIRA, I. F. Validade e fidedignidade da escala de depressão geriátrica na identificação de idosos deprimidos em um hospital geral. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 56 (2): 102-107, 2007.